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Certificações ISO

ISO 9002: como essa norma ajuda a aplicar a ISO 9001?

Por: Adriana Sartori

12 jun 2023 • 11 min de leitura

mão masculina aponta para um ícone de check exemplificando a iso 9002
A ISO 9002 tem uma história particular na série ISO 9000. Nas suas primeiras versões, mais precisamente até 1994, ela era uma norma para garantia da qualidade. Em 2000, ela caiu. Mas não demorou a retornar, ainda que com nova roupagem. 

Isso foi em 2016, na versão em inglês, e em apenas em 2022, na versão em português, e tratando de diretrizes para a aplicação da ISO 9001.

O que diz essa norma? Neste artigo, você conhece a estrutura da ISO 9002, a quem se aplica e tem um resumo inicial do conteúdo.

Kit de ferramentas da qualidade

A estrutura da ISO 9002

A ISO 9002 segue a estrutura da ISO 9001 ipsis litteris da seção 4 a 10, que são os requisitos auditáveis da norma-mãe.

Ela não inclui, no entanto, os Anexos A e B.  

ISO 9002: para que serve?

A ISO 9002 serve para auxiliar a aplicação dos requisitos de sistema de gestão da qualidade da ISO 9001:2015

Passando seção por seção da ISO 9001, ela traz orientações, exemplos e opções de ferramentas que ajudam na implementação de um SGQ em conformidade com norma-mãe. 

No entanto, a ISO 9002 não substitui a leitura e interpretação da ISO 9001 em sua completude. Ela é um complemento com viés prático.

Para quem é a ISO 9002?

Qualquer organização pode se basear na ISO 9002 ao aplicar a ISO 9001 no seu SGQ, independente do tipo, porte, nível de maturidade e setores.

A norma beneficia particularmente empresas que estão iniciando a estruturação do SGQ, mas ainda não têm muita ideia de como fazer isso. Ela traz um apoio introdutório na qual se inspirar e apoiar para planejar a iniciativa na organização. 

A ISO 9002 também beneficia empresas que já têm o SGQ estruturado, proporcionando insights de melhoria, assim como respostas a dúvidas e perguntas pontuais que gestores e analistas possam ter a respeito da aplicação de requisitos.

Existe auditoria e certificado ISO 9002?

Não. A ISO 9002 não é uma norma certificável, nem é auditável. Ela sequer precisa ser seguida como referência pelas organizações, mesmo as que buscam a implementação de um SGQ orientado à ISO 9001.

A ISO 9002 é apenas um material de referência que pode ser usado pelas empresas para fins consulta.

Resumo ISO 9002 por seção

O que diz a ISO 9002? Sem a pretensão de substituir a leitura completa do texto da norma, trazemos aqui, por seção, alguns pontos interessantes para você conhecê-la.

Como já dissemos, a ISO 9002 segue exatamente a estrutura da ISO 9001. Então vamos segui-la para fins de exposição:

Seção 4 – Contexto da organização

4.1 – Entendendo a organização e seu contexto

A ISO 9002 chama a atenção sobre o conceito de “questões internas e externas” e a necessidade de monitoramento e análise dessas questões. A seção aprofunda as fontes de material, que na ISO 9001 são apenas citadas, dando exemplos. Por fim, recomenda ferramentas como Análise SWOT, Análise PESTLE e brainstorming para executá-la.

4.2 – Entendo necessidades e expectativas das partes interessadas

Reforça o enfoque da subseção na descoberta das partes interessadas que possam impactar na capacidade de prover produtos e serviços conformes, trazendo exemplos de quem elas podem ser. 

Também exemplifica critérios para determinar quais são essas partes interessadas, como influência e poder etc.

Traz ferramentas para determinar necessidades das partes, como análise crítica de pedidos ou requisitos estatutários, lobbying ou networking, avaliação comparativa, vigilância do mercado, pesquisas etc. 

Veja também: Como gerenciar expectativas das partes interessadas?

4.3 – Determinando o escopo do SGQ

Sobre o escopo do SGQ, reforça que todos os requisitos da ISO 9001 são aplicáveis, a menos que não afetem a capacidade da empresa de prover serviços e produtos conformes. Pede certa especificidade na definição, mas não traz um exemplo prática de definição. 

4.4 – SGQ e seus processos

O sistema inclui tanto os processos de produção e provisão de produtos e serviços quanto os processos do SGQ.

Esta seção reforça que o nível de detalhamento dos processos varia pela aplicação da mentalidade de risco (considerando a extensão na qual ele afeta a capacidade de prover produtos e serviços conformes), tendo consequente impacto na extensão da informação documentada.

A seção não recomenda uma ferramenta específica para tal. Mas usualmente as organizações utilizam diagrama de tartaruga, SIPOC, fluxograma, POPs, intruções de trabalho, entre outras.

banner planilha diagrama de tartaruga

Seção 5 – Liderança

5.1 – Liderança e comprometimento

A ISO 9002 sugere que a Alta Direção incorpore a consideração dos aspectos que lhe competem do SGQ dentro de suas rotinas, mentorias etc. Concede que partes do trabalho sejam delegados, mas jamais a ponto de Alta Direção perder a capacidade de avaliação do SGQ.

5.2 – Política

Como materiais de apoio, a ISO 9002 recomenda que se parta do contexto, do planejamento estratégico, dos objetivos da qualidade, do orçamento, entre outros fatores.

A subseção também traz sugestões para comunicação da política, tanto interna quanto externamente.

5.3 – Papéis, responsabilidades e autoridades

Sugere que a empresa adote boas práticas para a distribuição de papéis, assim como cuidados como competência. Mas não vai muito além disso.

6 – Planejamento

6.1 – Ações para abordar riscos e oportunidades

Sugere consideração de questões internas e externas, bem como de requisitos de partes interessadas. Mas traz outras situações, como reuniões de estratégia, de análise crítica, auditorias, reuniões de planejamento da qualidade etc. como base para determinar riscos e oportunidades.

De maneira geral, recomenda uma mentalidade de risco sempre

Como ferramentas, aparecem SWOT e PESTLE; FMEA e FMECA; HACCP; brainstorming; SWIFT e matrizes de consequência e probabilidade.

6.2 – Objetivos da qualidade

Sugere determinação de objetivos por níveis, processos e funções pertinentes. Como metodologia, sugere o SMART e BSC – Balanced Scorecard.

6.3 – Planejamento de mudanças

Sugere a aplicação da mentalidade de risco por meio da condução de testes de mudança antes da mudança completa ou ações para remediar mudanças mal-sucedidas.

7 – Apoio

7.1 – Recursos

Sugere a análise de custos vs. benefícios para a provisão de recursos, mas também da mentalidade de riscos, uma vez que ambientes de processos podem variar muito de acordo com o produto ou serviço em jogo. 

A ISO 9002 sugere o levantamento dos fatores que influenciam a capacidade de prover produtos e serviços, sejam eles físicos, metrológicos, sociais ou psicológicos, e a devida consideração de cada um deles.

7.2 – Competência

Foca na determinação da competência para as atividades que vão afetar a conformidade de produtos e serviços, com base em educação, treinamento e experiência. 

A empresa precisa ter clareza nessa determinação tanto quanto na sua evidenciação e tratativa (no caso de não haver).

7.3 – Conscientização

Aqui a ISO 9002 traz recomendações para conscientização, como:

  • clareza sobre os saídas que se esperam
  • comunicação de requisitos de produtos e serviços
  • procedimentos claros para segregação de saídas não conformes
  • procedimentos claros para lidar com reclamaçãoes.

7.4 – Comunicação

Sugere que a organização defina o que deve comunicar para cada parte interessada, quem fará essa comunicação, por que meio e em que frequência.

7.5 – Informação documentada

Primeiro, a ISO 9002 esclarece a diferença entre “manter informação documentada” e “reter informação documentada” na ISO 9001.

  • Manter informação documentada: assegurar que a informação seja mantida atualizada, como em procedimentos documentados, manuais, formulários e listas de verificação.
  • Reter informação documentada: assegurar que a informação que é usada para prover evidências sobre se um requisito foi ou não cumprido seja protegida.

Convém adotar um formato, identificação e descrição. Além disso, pode ser necessário criar um fluxo de revisão e aprovação. 

8 – Operação

8.1 – Planejamento e controle operacionais

Partindo dos objetivos da qualidade, associados a riscos e oportunidades, a empresa deve planejar e controlar seus processos. Esse planejamento entra diretamente nas operações.

8.2 – Requisitos para produtos e serviços

Sugere adotar canais variados de comunicação de requisitos, atendimento ou informações para clientes, como reunião, folheto, site, telefone etc. 

Adotar feedbacks do cliente quanto a requisitos, por meio de pesquisas, emails, reuniões ou contatos telefônicos.

8.3 – Projeto e desenvolvimento

ISO 9002 esclarece quando requisitos desta seção devem ser considerados em sua completude ou parcialmente, o que envolve basicamente o nível de customização.

Sugere reuniões de análise crítica formal e registros, no caso de projetos complexos, e exemplifica saídas, que podem incluir desenhos, especificações, planos, manuais etc.

8.4 – Controle de processos, produtos e serviços providos externamente

Para o programa de avaliação de fornecedores, ISO 9002 sugere que a empresa determine:

  • como os processos internos interagem com processos dos terceiros e impactos
  • que materiais, componentes ou serviços providos externamente fazem parte do produto ou serviço de acordo com criticidade;
  • que requisitos e controles a aplicar para provisão externa.

8.5 – Produção e provisão de serviço

A ISO 9002 recomenda que os controles consideram o ciclo completo de produção, com adoção dos devidos métodos de identificação.

Entre atividades pós-entrega, incluir engajamento com clientes, garantias etc.

8.6 – Liberação de produtos e serviços

Sugere a aprovação de autoridade competente para liberação de produtos conformes, mas também para a liberação de produtos que não atendam o planejamento (se não o próprio cliente).

8.7 – Controles de saídas não conformes

Embora as ações variem de acordo com a não conformidade, a ISO 9002 recomenda que a empresa sempre verifique saídas e crie uma abordagem para cada variação de não conformidade.

9 – Avaliação de desempenho

9.1- Monitoramento, medição, análise e avaliação

A ISO 9002 recomenda diferentes ferramentas para acompanhamento, de acordo com o que precisa ser monitorado. 

Fontes de dados podem ser o produto, o desempenho, percepção do cliente, entregas de projeto, atendimento do prazo, situação dos objetivos da qualidade etc. 

A avaliação deve ser realizada em uma frequência planejada.

9.2 – Auditoria interna

Para programas de auditoria interna, reforça a necessidade de estabelecer intervalos planejados de acordo com a mentalidade de risco. Quanto maior a criticidade de um processo, mais frequentemente ele deve ser auditado.

9.3 – Análise crítica pela direção

Recomenda análise em intervalos planejados. Sugere que esse momento seja concomitante com atividades de negócio, como planejamento estratégico, reuniões anuais etc.

10 – Melhoria

10.1 – Generalidades

Sugere que melhoria contínua seja conduzida amplamente em processos e produtos, além de no próprio SGQ.

10.2 – Não conformidade e ação corretiva

Recomenda vários métodos, como análise de causa raiz, 8D, 5 porquês, FMEA e diagrama de Ishikawa. Podemos incluir MASP e 5W2H, para ficar em apenas duas.

Banner planilha 5 porquês Qualyteam

10.3 – Melhoria contínua

A ISO 9002 traz como metodologias possíveis para realizar a melhoria contínua: 6 sigma, avaliação comparativa, modelos de autoavaliação e kaizens.

ISO 9002: tenha um guia chancelado pela ISO para estruturar seu SGQ

O conteúdo da ISO 9002 pode não ser novidade para profissionais maduros.

Porém, pode ser de grande valia para profissionais que estão querendo dar o próximo passo na carreira, indo para o nível gerencial. Apesar de trazer um abordagem introdutória, na nossa análise, ele ainda deixa muitas pontas soltas para os profissionais que estão iniciando suas primeiras estruturações. 

Leia a ISO 9002 na íntegra, aproveite esse guia e embase a sua atuação! Mas vá além!

Se quiser auxílio hands on, conte com a Qualyteam!

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Adriana Sartori

12 jun 2023

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