Em SGQs que seguem os requisitos da ISO 9001, a tratativa de não conformidades e outras ocorrências envolve a descoberta e análise de causa raiz. Não existe apenas uma única ferramenta para isso. Mas, depois dos 5 porquês, entre as mais usadas está o diagrama de Ishikawa ou de espinha de peixe. Como uma ferramenta visual, o diagrama de Ishikawa sugere uma forma de estruturar e organizar as informações levantadas. O objetivo é facilitar a análise de diferentes faces do problema, de forma independente e na sua interação entre si. Implementar o diagrama na análise de causa raiz de ocorrências do seu SGQ também é muito simples: a ferramenta é intuitiva e seus passos não são complicados, o que facilita a adesão e utilização pela equipe. Ainda assim, para levar a equipe à descoberta da causa, é preciso seguir boas práticas de aplicação da ferramenta. Neste artigo, é isso que você encontra.
Diagrama de Ishikawa: o que é?
O diagrama de Ishikawa é uma ferramenta que facilita o brainstorming de descoberta e a análise de causa raiz de um problema por meio de uma abordagem estruturada em torno de 6 categorias, conhecidas como os 6 Ms (falaremos delas abaixo). Também chamado de diagrama de espinha de peixe ou de diagrama de causa e efeito, ele foi proposto por Kaoru Ishikawa na década de 1960 como uma das 7 ferramentas da qualidade. Embora tenha sido criado originalmente para identificar as causas dos problemas no processo de produção de um produto (indústria), a sua utilização pode ser feita em qualquer tipo de problema organizacional, inclusive com outras categorias. Vejamos cada um deles:- Meio ambiente: diz respeito ao contexto ou ao ambiente em que o trabalho estava sendo executado, como seu layout, limpeza e outros requisitos.
- Mão de obra: refere-se às ações e aos comportamentos que causaram o problema, e não apenas aos responsáveis. Pode incluir, por exemplo, erros ou imperícia na execução de um procedimento, falta de capacitação adequada para a execução, etc.
- Máquina: engloba causas relacionadas aos equipamentos usados na produção, envolvendo causas como equipamentos sem a devida calibração, manutenção
- Método: refere-se ao procedimento ou instrução usado na execução do trabalho que causou o problema, como POPs desatualizados ou mal redigidos.
- Medida: causas que envolvem as medidas usadas naquela produção, por exemplo: quantidade de peças, proporções erradas na composição etc.
- Material: envolve as causas oriundas da matéria-prima ou dos materiais usados, eventualmente envolvendo fornecedores. Pode incluir matérias-primas fora das especificações exigidas, por exemplo.
Para que serve e quando usar o diagrama de Ishikawa
O diagrama de Ishikawa foi concebido para estruturar a análise de causa raiz de um problema ou não conformidade, mas ele pode ser usado com outros fins também. Qualquer questão que precise de uma análise estruturada de fatores que contribuam para ela pode passar por um diagrama de Ishikawa. Para isso, inclusive as categorias podem ser modificadas, além dos conhecidos 6Ms. Isso acontece porque, em sua estrutura, o diagrama de espinha de peixe é extremamente flexível. Isso o aproxima, conceitualmente falando, a um diagrama de afinidades. Você pode estabelecer as categorias de um diagrama ao longo do processo de brainstorming. Vejamos alguns usos:- Levantamento de fatores de risco
- Iniciar o projeto de um novo produto
- Melhoria de processos
- Avaliação de fornecedores
- Avaliação de competências e habilidades.
Como fazer o Diagrama de Ishikawa?
Se você ainda tem dificuldade em criar e analisar as informações do Diagrama de Ishikawa, veja o nosso passo a passo.- Identifique o problema (efeito). É fundamental identificá-lo corretamente. Reúna a equipe e defina a metodologia que melhor chegará a esta conclusão
- Descreva o efeito, na cabeça do peixe e suas causas no formato espinha de peixe, utilizando os 6M’s;
- Identifique as influências do problema (causas). Primeiro as influências que considera como sendo as principais, em seguida as secundárias, depois as terciárias.
- Incentive a participação da equipe com perguntas como “O quê?”, “Por quê?”, “E o que mais?”
- Faça a análise do diagrama, destacando quais as causas que influenciam mais o problema analisado. Discuta isso entre os participantes para chegarem às causas que realmente são bastante influenciadoras e requerem atenção.
- Comece a resolução das causas, uma por uma. Se possível, nomeie pessoas responsáveis por cada uma das causas. Nomeie também um supervisor geral de toda a ação para terem certeza de que tudo irá correr exatamente como planejado.
- Analise os resultados obtidos. Reúna a equipe e mostre como o problema foi resolvido, com a ajuda de todos e principalmente com a identificação, aceitação e visualização do problema e suas causas.
Diagrama de Ishikawa: exemplo
Nada melhor que um exemplo prático para entender como aplicar o diagrama de Ishikawa. Vamos à situação. Uma determinada empresa identificou uma não conformidade no produto, que chegou danificado para o cliente. A causa pode estar em toda a cadeia de produção, mas para nossos fins vamos restringir a análise da causa do transporte. Vamos à construção do diagrama: Problema (efeito): entrega de produto danificado- Máquina: N/A;
- Método: descrição do procedimento de embalagem do produto era inadequada;
- Materiais: material da embalagem era inadequado para as condições de transporte;
- Meio ambiente: umidade inadequada dentro do caminhão;
- Medida: N/A;
- Mão de obra: treinamento insuficiente e manuseio incorreto do produto.
Quais os benefícios do diagrama de espinha de peixe?
O Diagrama de Ishikawa é muito versátil. Veja os principais benefícios de utilizá-lo na sua organização:- Influencia toda a equipe envolvida no processo a se comprometerem com os resultados a serem alcançados;
- Prioriza uma análise mais detalhada, ajudando a tomar decisões mais eficazes;
- Proporciona melhoria da qualidade dos produtos e serviços;
- Facilita a análise da causa raiz, sendo uma ferramenta visual de fácil compreensão e análise;
- Auxilia na identificação de gargalos do processos, propondo melhorias e ações corretivas necessárias;
- Analisa potenciais causas dos problemas relacionados à design de produtos.