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ISO 9001:2015

Abordagem de processos: conceito, adoção e vantagens

Por: Adriana Sartori

16 set 2024 • 9 min de leitura

Por mais customizadas que sejam às necessidades dos clientes, as atividades de uma organização precisam seguir um fluxo mais ou menos padronizado para se tornarem previsíveis, repetíveis, estáveis e escaláveis. A série ISO 9000 tem uma noção específica para dar conta dessa necessidade: trata-se da “abordagem de processo”.

A abordagem de processo é um dos princípios da Gestão da Qualidade, enunciados na ISO 9000. O princípio também aparece citado na ISO 9001, que se vale dele tanto na sua redação quanto na estrutura de um SGQ.

É evidente a centralidade do conceito de abordagem de processo dentro do corpo da série 9000

De maneira que, neste artigo, você encontra a definição, assim como recomendações de metodologias e ferramentas para aplicar a abordagem de processos dentro da organização.

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O que é abordagem de processos?

A abordagem de processos é um princípio para desenhar, executar e melhorar atividades ligadas ao desenvolvimento, implementação e otimização de uma tarefa ou objetivo. Ao utilizá-la, você estrutura atividades de acordo com a sua sequência e correlação através de fluxos transparentes e contínuos, ganhando visibilidade a nível sistemático do todo.

Abordagem de processos na ISO 9000

A abordagem de processos, na ISO 9000, é identificada como um princípio da qualidade. A crença ali desenvolvida é a de que um sistema de gestão da qualidade precisa ser formado por fluxos inter-relacionados para ter:

  • Priorização e capacidade bem dimensionada
  • Flexibilidade
  • Monitoramento adequado
  • Desempenho monitorável e gerenciável
  • Resultados consistentes e previsíveis.

Ao abordar as atividades do SGQ como processos, a organização garante a sua correta integração dentro de suas operações, áreas e ferramentas, ganhando competência para responder rápido a riscos e oportunidades.

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Abordagem de processos na ISO 9001

A norma ISO 9001 adora a abordagem de processos em sua redação. Essa abordagem é perceptível de diversas formas. 

Vamos detalhar abaixo:

Ciclo PDCA: o processo base de um SGQ

A abordagem de processos toma sua primeira forma na ISO 9001 como estrutura facilitadora do planejamento, implantação e melhoria de um SGA. Trata-se do ciclo PDCA, em que temos quatro etapas em looping contínuo:

  • Plan: planejamento
  • Do: execução
  • Check: verificação
  • Act: correção.

O ciclo PDCA garante a visibilidade e, consequentemente, o gerenciamento do SGQ como um sistema de processos inter-relacionados e interdependentes com vistas a certos resultados ou objetivos de qualidade.

Processos de gestão da qualidade

A abordagem de processo também é usada para a estruturação de cada atividade relacionada à gestão da qualidade. É o que vemos no requisito de 4.4, que enuncia:

A organização deve determinar os processos necessários para o sistema de gestão da qualidade e sua aplicação na organização, e deve:

a) determinar as entradas requeridas e as saídas esperadas desses processos;

b) determinar a sequência e a interação desses processos;

c) determinar e aplicar os critérios e métodos (incluindo monitoramento, medições e indicadores de desempenho relacionados) necessários para assegurar a operação e o controle eficazes desses processos;

d) determinar os recursos necessários para esses processos e assegurar a sua disponibilidade;

e) atribuir as responsabilidades e autoridades para esses processos;

f) abordar os riscos e oportunidades conforme determinados de acordo com os requisitos de 6.1;

g) avaliar esses processos e implementar quaisquer mudanças necessárias para assegurar que esses processos alcancem seus resultados pretendidos;

h) melhorar os processos e o sistema de gestão da qualidade.

 De acordo com a ISO 9001, usar a abordagem de processos para desenhar uma atividade de gestão da qualidade equivale a identificar cada um desses oito pontos

Vamos identificar de maneira mais esquemática a estrutura de um processo.

 

Como aplicar a abordagem de processos de acordo com a ISO 9001? 

Se nos basearmos na norma ISO 9001, o mapeamento de um processo envolve a identificação de várias informações. 

Veja quais são:

1. Entradas e saídas

Para que você obtenha os resultados esperados com a abordagem de processos, é preciso que você identifique quais são as entradas e saídas dele. O que inicia uma atividade? O que resulta dela? 

As entradas estão relacionadas aos itens que serão transformados durante o processo. É o primeiro item que entra no processo. Por exemplo, em uma área de RH, as entradas ou inputs de um processo de contratação são recebimento de currículos e portfólios de candidatos condizentes com a vaga divulgada. 

Já as saídas estão relacionadas ao produto ou resultado final. São decorrentes dos recursos tratados durante o processo. No exemplo citado anteriormente, podemos identificar a saída como as vagas preenchidas.

2. Sequência do processo e interações com outros processos

O que acontece desde a entrada até a saída? Este ponto envolve a identificação de tudo o que acontece entre esses dois extremos, assim como possíveis interações com outros processos.

Se estamos falando de contratação de colaboradores, as atividades necessárias estão relacionadas a seleção de currículos, agendamento e realização de entrevistas, aplicação de prova técnica, entre outros. 

Outro ponto importante: os processos precisam estar interligados com os seguintes para que o Sistema de Gestão da Qualidade rode de maneira eficiente. Quais atividades sequenciais serão necessárias para que não haja furos no meio de caminho?

3. Critérios e métodos

As atividades de um processo precisam ser garantidas em termos de padrão. Sem ter monitoramento e medir fica impossível um processo ser bem gerenciado. 

Portanto, defina os KPIs necessários ao processo em questão para que periodicamente em intervalos estabelecidos pela organização, o responsável possa verificar se os indicadores estão adequados ou será preciso remodelações. 

Ainda tomando como exemplo o RH, o clima organizacional é um bom indicador que pode ser mensurado por meio de pesquisas de satisfação.

4. Recursos necessários

Como as atividades identificadas entre entradas e saídas são executadas? 

Quais recursos são essenciais para que elas sejam executadas? Envolvem equipe, máquina, fornecedores externos? 

Veja tudo que você precisa para que realmente o processo traga o resultado desejado. 

5. Responsáveis

Quem serão os responsáveis em cada etapa do processo? De nada adianta mapear as atividades e não delimitar quem será o responsável por verificar o andamento das operações e se foram alcançados os resultados esperados. 

Em cada etapa determine quem deve executar a atividade. Quanto mais claro estiver, menos ruído de comunicação e mais engajamento da equipe.

6. Riscos e oportunidades

Todo processo dentro de uma empresa apresenta riscos e oportunidades. A mentalidade de riscos é complementar à abordagem de processos.

A ISO 9001 reforça a importância da organização identificá-los para assegurar que o SGQ possa alcançar seus resultados, promover melhoria contínua e prevenir efeitos indesejáveis. 

Se pensarmos na área de RH podemos colocar como um risco o alto índice de turnover dentro da empresa. A organização pode classificar o apetite ao risco e decidir se com base na avaliação realizada deve mitigar, evitar ou reter o risco. 

7. Avaliação 

Processos implementados de forma sistemática permitem que o responsável avalie com mais propriedade a eficiência e a eficácia das ações. 

Lembre-se que o ciclo PDCA pode ser aplicado para todos os processos e, depois de planejado, resta aplicar o C (check), verificando se as ações estão sendo eficazes.

8. Melhoria

Esta etapa é coroada por todas as anteriores: quem identifica atividades em sua sequência, tem indicadores, recursos mapeados, abordagem de riscos e auditoria, tem a capacidade de identificar pontos de melhoria.

Ainda assim, processos nunca serão perfeitos. Então, crie planos de ação a partir de suas descobertas para continuar a evoluir.

Ferramentas essenciais em uma abordagem de processos

Organizações que querem assumir o princípio da abordagem de processos precisam adotar as ferramentas para executar adequadamente o mapeamento, o desenho, a execução, o monitoramento e avaliação desses processos. 

O rol de opções vai desde o papel, passando por planilhas até softwares sofisticados.

Mas um ferramental básico que você precisa observar para adotar uma abordagem de processos é:

Por que usar a abordagem de processos: benefícios deste princípio

Você pode estar se perguntando por que usar a abordagem de processos para a estruturação e para o desenho dos processos da qualidade.

De acordo com o que se lê na própria norma, a abordagem subsidia todas as etapas de identificação, desenho, execução, monitoração, avaliação e melhoria de uma atividade.

Mais que isso, usar processos garante a repetibilidade, estabilidade e padronização de uma atividade. As vantagens disso são manter um nível consistente de serviço, independentemente de quando, onde e quem execute a tarefa.

Outra vantagem é a previsibilidade de recursos, permitindo um gerenciamento de custos voltado à sustentabilidade e à economia. 

Conclusão

A abordagem de processos garante uma visão abrangente e, ao mesmo tempo, local de toda a operação que envolve o Sistema de Gestão da Qualidade. 

Como você aplica a abordagem de processos na sua empresa? 

Nós podemos te ajudar neste desafio, organizando todas as informações relacionadas aos processos do seu SGQ no software Qualyteam.  Entre em contato hoje mesmo.

 

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Adriana Sartori

16 set 2024

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