Duas ferramentas de melhoria contínua, os mesmos casos de uso – ou não? Quem conhece MASP e PDCA costuma se perguntar: são a mesma coisa? Se não, qual a diferença e o que ela significa em termos práticos?
PDCA é a ferramenta básica da qualidade. O ciclo Plan (Planejar), Do (Fazer), Check (Verificar) e Act (Agir) serve, inclusive, de base a muitas ferramentas e de normas como a ISO 9001.
Já o MASP é uma ferramenta menos conhecida do que o PDCA, ainda que, por assim dizer, nacionalizada. Acrônimo de Método de Análise e Solução de Problemas, o MASP foi o modo como a ferramenta internacionalmente conhecida como QC-Story – Quality Control Story se consolidou no Brasil.
Popularidades à parte, qual é a diferença ou a relação entre MASP e PDCA? Vamos recapitular brevemente conceito e procedimentos de cada metodologia, para na sequência visualizar suas diferenças.
O MASP
O MASP – Método de Análise e Solução de Problemas é um procedimento para tratamento de ocorrências.
Com oito etapas que vão da identificação do problema à padronização da solução, o método visa ser uma abordagem científica, ideal para o tratamento profundo de problemas e não conformidades.
O MASP também é conhecido na literatura como QC-Story – Quality Control Story. Foi na vinda e consolidação da ferramenta no Brasil que ela passou a ser conhecida como MASP.
8 etapas do MASP
- Identificação do problema: delimitação e descrição da ocorrência.
- Observação: levantamento do contexto do problema.
- Análise: descoberta da causa raiz.
- Plano de ação: o que será feito para resolver o problema.
- Ação: execução do plano.
- Verificação: avaliação dos resultados.
- Padronização: estandardização da solução.
- Conclusão: revisão do que foi feito.
O PDCA
O PDCA é um ciclo melhoria contínua que parte da proposição de uma mudança, implementação da mudança, verificação de seus resultados e ação a partir deles.
Com essas quatro etapas, a ferramenta visa a gestão da mudança e a produção de ciclos de aprendizado contínuos.
4 etapas do ciclo PDCA
- Plan (Planejar): definição do que, por que e como vai mudar, e que resultados espera auferir.
- Do (Fazer): implantação do plano.
- Check (Verificar): mensuração dos seus resultados e comparação com o estado inicial.
- Act (Agir): correções necessárias e preparação de novos ciclos.
MASP vs. PDCA
MASP e PDCA são ferramentas bem parecidas. E não é por coincidência: o MASP tem suas raízes no PDCA. Podemos ver todas as etapas do PDCA dentro do MASP, mas ele tem algumas especificidades.
A primeira diferença do MASP está relacionada à sua origem descritiva, e não prescritiva. O MASP orienta os praticantes a uma profunda análise do contexto e da causa raiz dos problemas identificados. Isso indica que a motivação que leva à escolha do procedimento é reativa.
O PDCA já não é específico nesse quesito. A metodologia parte do planejamento, o que a torna amplamente útil em mudanças, como projetos e demais iniciativas. Você não precisa ter um problema por trás de um PDCA. Isso torna a motivação para o uso de um PDCA proativa, com vistas à melhoria contínua, produção de aprendizado. O PDCA visa a experimentação. Iminentemente, ela vai resolver problemas, mas esse não é o enfoque.
Assim, podemos afirmar que o MASP está dentro do PDCA, como um de seus desdobramentos.
Veja na tabela as características específicas das duas ferramentas:
MASP e PDCA podem ser aplicados em conjunto?
MASP e PDCA podem estar na caixa de ferramentas das organizações. Mas, dadas as especificidades que observamos, não faz muito sentido aplicá-los concomitantemente. O mais comum é usar um ou outro de acordo com a finalidade.
No caso de tratamento de problemas ou não conformidades, você vai aproveitar mais o MASP, por causa das etapas iniciais.
Em projetos de melhoria contínua e ou para produção de aprendizado validado, em que as causas são mais abrangentes e difusas, você vai poder partir imediatamente de um plano de ação, sem esse estudo aprofundado das causas.
O que pode acontecer nesse caso é, dentro de um PDCA, você precisar de uma análise de causas. E aí você pode usar o procedimento do MASP para isso ou outros, como o Ishikawa ou 5 porquês.
MASP e PDCA: duas ferramentas para qualidade
Vimos as características gerais de MASP e PDCA, e a partir delas conseguimos delimitar as especificidades e aplicações de cada uma das metodologias.
Tenha PDCA e MASP em seu kit de ferramentas de qualidade e aproveite-os!
Se tiver dúvidas ou contribuições para enriquecer este artigo, coloque-as nos comentários. Contamos com você!
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PDCA: conceito ou método?
Embora seja bastante utilizado e referenciado na literatura, é possível observar que o PDCA é, ora chamado de conceito, ora de modelo, ora de método, ora de técnica. Mas o que seria ele de fato?
Os modelos são padrões criados, a partir de algum critério restritivo, para representar ou desenvolver algum processo ou atividade. São representações simbólicas com um propósito claro mas que, ao construí-lo, se reconhece, ao mesmo tempo, que há uma limitação. Como o PDCA não é restritivo, mas uma idéia ampla sob o qual métodos específco podem ser criados, então ele não se enquadra na definição de modelo.
Já a técnica é uma ferramenta, um artifício para a consecução de um propósito parcial e temporário que faz parte de um caminho para um objetivo mais amplo. A técnica se refere à prática direta e, por isso não serviria como inspiração para a construção de idéias mais abrangentes.
O método, possui várias definições segundo a ótica utilizada. Mas uma denominação geral é um “procedimento regular, explícito e passível de ser repetido para conseguir-se alguma coisa, seja material ou conceitual” .
Os conceitos, por si, são abstrações ou construções lógicas elaboradas pelo cientista para captar um fato ou fenômeno por eles representado (simbolismo lógico), expressos mediante um sinal conceitual (simbolismo gramatical) . Os conceitos são captados por meio da percepção para tornar inteligível os acontecimentos ou experiências que se dão no mundo real . Isso significa que o conceito é um ordenamento lógico que simboliza uma idéia, sendo o método, portanto, um desdobramento daquele, na medida em que possibilita uma aplicação prática consistente. Exemplos de métodos que se utilizaram do conceito do ciclo PDCA são as normas de gestão da qualidade – ISO 9001 – e meio ambiente – ISO 14.001, o OODA Loop (Observe, Orient, Decide e Act) que é um conceito aplicável ao processo de operações de combate e estratégia militar. Há também os métodos de análise e solução de problemas como o QC Story e o MASP, além do DMAIC (Define, Measure, Analyse, Improve, Control) e DMADV (Define, Measure, Analyse, Design, Verify) utilizados para solucionar problemas e desenvolver novos produtos, respectivamente, na metodologia Six Sigma.
Assim, embora essa seja uma discussão meramente epistemológica , é incorreto denominar do PDCA de método, pois trata-se de um conceito, sobre os quais os métodos e modelos são derivados.
Já o MASP, este sim se caracteriza claramente como método, aliás, como o próprio nome indica.
Fonte: ORIBE, Claudemir Y. PDCA – origem, conceitos e variantes dessa ideia de 70 anos. Banas Qualidade, São Paulo: Editora EPSE, ano XVIII. n. 209, outubro 2009, p. 20-25.
Topico bem escrito: claro, objetivo e relevante.
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