A melhoria contínua de processos leva a melhoria de resultados, sendo um pilar da estratégia competitiva de longo prazo das empresas. Mas como fazer para modificar processos para melhor? As metodologias kaizen e kaikaku são uma das formas de fazer isso.
De origem na tradição japonesa, kaizen e kaikaku trazem conceitos distintos em magnitude, mas complementares para o funcionamento da empresa. Elas garantem um equilíbrio sadio, que se converte em aumento da produtividade e maior ganho de lucro.
Neste artigo, você vai saber mais sobre o que kaizen e kaikaku significam e como eles podem beneficiar seu dia a dia no trabalho.
Kaizen: conceito, uso e riscos
O que é kaizen?
Em tradução livre do japonês, kaizen é “mudança (kai) para melhor (zen)” em processos, sendo um mindset e um instrumento de melhoria gradual, seja pela eliminação de desperdícios ou pelo aumento da eficiência.
Ele envolve quatro etapas:
- Preparação: definição do objetivo, análise do contexto, identificação da causa raiz e plano de ação;
- Implementação: execução do plano de ação;
- Acompanhamento: monitoramento, verificação e correção;
- Próximos passos.
O kaizen é um método para conduzir um processo a um nível de perfeição maior por meio de vários projetos pontuais e bem localizados, de maneira eventual ou sistemática. Dessa forma, não há uma mudança estrutural evidente logo após um kaizen, e sim uma melhoria.
O kaizen envolve toda a equipe, todos os dias, onde quer que atuem, tendo por característica a continuidade cíclica tal qual a do PDCA.
O Instituto Kaizen traz os 5 princípios da metodologia kaizen:
- Otimizar processos
- Ir ao gemba
- Basear-se em dados e fatos
- Trabalhar em equipe
- Fazer todos os dias, em todas as áreas.
Quando e como adotar a filosofia kaizen?
O método kaizen busca o aperfeiçoamento por meio de medidas pequenas que não abalem a estrutura de base de um processo.
Por isso, deve ser adotado em processos considerados maduros e estáveis, como uma forma de melhorar o que já está rodando.
Na prática, isso pode ser a eliminação de um desperdício, uma maneira diferente de organizar o ambiente de trabalho etc.
Quais são os riscos e as dificuldades do kaizen?
Como as mudanças proporcionadas pelo kaizen são pequenas, os resultados também têm significância mais suave – embora sejam sentidos. Há uma vantagem nisso, se um kaizen der errado e não proporcionar a melhoria esperada, seu impacto é pequeno e plenamente administrável.
No entanto, justamente por isso, mudanças do tipo kaizen não serão suficientes quando o caso é reformar, revolucionar e transformar um processo da empresa isoladamente. Elas visam essencialmente a sustentabilidade e o refinamento.
Para levar a resultados significativos, cada kaizen realizado leva a um resultado que deve se alinhar a um objetivo – ou Norte – maior. No somatório, todas as mudanças levarão o processo, e a organização como um todo, a um estado superior.
Kaikaku: conceito, uso e riscos
O que é kaikaku?
Kaikaku é a “mudança radical” e, portanto, a ideia oposta à do kaizen. No kaikaku, as mudanças são profundas e têm o objetivo de reformar as estruturas de um processo.
O kaikaku é ambicioso: obter um grande resultado em termos de melhoria em um curto intervalo de tempo, levando automaticamente ao objetivo.
Na prática, essas mudanças podem ser a migração de um SGQ para um software, a entrada em um novo mercado, uma transformação no estilo de liderança etc.
Pela sua magnitude, o kaikaku é uma iniciativa que parte, por via de regra, da Alta Direção para se espraiar para os outros níveis organizacionais. O kaikaku tem passos levemente diferentes dos do kaizen, envolvendo:
- Preparação: definição do objetivo, análise do contexto e identificação da causa raiz;
- Redesenho do processo: reformulação do fluxo to be e plano de ação;
- Implementação: execução do plano de ação; e
- Monitoramento: verificação, análise e correção.
10 mandamentos do kaikaku
- Elimine o conceito tradicional de processo.
- Pense como o novo processo vai funcionar, não como ele não vai funcionar.
- Não aceite desculpas.
- Negue totalmente o status quo e esteja pronto para começar um novo.
- Não busque a perfeição. Uma implementação de 50% é suficiente, uma vez que ela já o coloca acima do status quo.
- Corrija os erros assim que encontrá-los.
- Não coloque muito dinheiro em um kaikaku.
- Veja os problemas como uma chance de usar a cabeça.
- Use os 5 porquês.
- A ideia de 10 pessoas vale mais que o conhecimento de uma.
Quando adotar a filosofia kaikaku?
O kaikaku surgiu no Japão em um momento de crise, refletindo a necessidade de mudanças drásticas para solucionar grandes problemas.
O kaikaku deve ser adotado quando o processo implementado não serve mais e precisa ser totalmente redesenhado.
Diferentemente de um kaizen, o kaikaku não tem como objetivo primário a busca da perfeição. Ele busca uma mudança e, mesmo que a melhoria seja parcialmente obtida, ela será muito melhor do que o estado atual.
Por isso, o kaikaku pode ser a resposta adotada em momentos de crise, quando os processos não estão levando aos resultados buscados e a empresa precisa agir rápido. Nesses casos, a prioridade é alterar os métodos de produção de base para reconstruir todo o processo. Todos os recursos humanos e técnicos devem ser aplicados para que esse objetivo seja alcançado.
Quais são os riscos e as dificuldades do kaikaku?
Como a mudança é grande, o risco de falha também é, sendo muitas vezes difícil tomar a decisão de que uma mudança do tipo kaikaku é a melhor solução.
Porém, assumir um alto risco às vezes é a única alternativa que resta para a sobrevivência da organização. Ainda assim, nenhuma organização faz kaikaku por espontânea vontade e de maneira cíclica, mesmo quando ele se constitui como uma grande melhoria.
Qual a melhor metodologia a adotar?
Seguindo o padrão oriental de valorizar conceitos holísticos sobre conceitos dualistas, o grande segredo por trás do kaizen e do kaikaku é o equilíbrio.
Não é possível ter uma empresa de sucesso apostando apenas em mudanças que geram crescimento lento e demoram a gerar resultados, assim como não dá para mudar todo o processo de produção de uma só vez, repetidamente, e esperar que isso seja um sucesso.
A tendência entre as empresas é adotar o kaizen como ferramenta de melhoria contínua no dia a dia, aumentando a segurança e moral entre os funcionários e entre os clientes, sem alterar a estrutura de funcionamento da produção.
Mas fazer kaizen não significa evitar o kaikaku, decisão comum dada a insegurança dele. O kaikaku deve ser oportunamente realizado quando os possíveis benefícios se sobreporem aos possíveis riscos de não fazê-lo.
Kakushin: da revolução à inovação
O kakushin é a inovação disruptiva, um passo ainda mais além, quando comparado ao kaikaku. Em vez de modificar processos, o kakushin modifica o que é feito.
Mudança pelo kaizen ou pelo kaikaku: o estado permanente das organizações
Kaizen e kaikaku mostram que, independentemente da magnitude, a mudança é o estado permanente das organizações que querem crescimento sustentado a longo prazo.
Você usa esses termos em sua organização? Conte para nós nos comentários!