Monstros S.A. é um filme fantástico para crianças – e adultos também! A história traz insights sobre gestão de negócios e gestão de pessoas, mostrando lições que muitas empresas do mundo real podem custar a aprender.
Neste artigo, você vai ver quais são os ensinamentos do Monstros S.A. sobre administração.
O resumo de Monstros S.A.
A narrativa se passa na fábrica Monstros S.A. A empresa produz energia para a Cidade dos Monstros a partir dos gritos que os monstros produzem nas crianças do mundo dos humanos.
O mundo dos monstros é paralelo ao nosso, mas funciona sob a mesma lógica: o objetivo básico da empresa é o crescimento e o lucro. Todo esse processo envolve funcionários, estrutura administrativa, chefia e estratégia empresarial.
O CEO da Monstros S.A. é uma espécie de caranguejo chamado Henry Waternoose. Abaixo dele estão os dois personagens centrais: James Sullivan (monstro roxo de chifres) e Mike Wazowski (bolinha verde de um olho só).
O primeiro é o típico funcionário dedicado à empresa, pelo que recebe honrarias como a de empregado do ano (bate recordes de produção). Já o segundo é seu ajudante. Ele tem um grande potencial, mas é subaproveitado pela estrutura da empresa.
Eles foram uma dupla muito boa no que faz e que trabalha de verdade. Mas não questiona o modelo de negócios da empresa. Faz seu serviço de olhos fechados.
O problema é que assustar as crianças está ficando cada vez mais difícil. E o imenso esforço da equipe para atingir as metas da empresa tem sido insuficiente. A Monstros S.A. está à beira da falência total.
A história se desdobra nesse contexto de tensão, em que a empresa está em busca de uma forma de sair da crise.
A fonte de incerteza para a Monstros S.A.
A Monstros S/A é a empresa que faz a transformação de gritos (matéria-prima de entrada) em energia (resultado de saída). A grande dificuldade está na escassez de sua matéria-prima.
Houve uma mudança cultural na sociedade dos humanos, e as crianças não estão mais se assustando com os monstros. Eles são obsoletos perto dos filmes de terror produzidos por Hollywood.
Com isso, a equipe da Monstros S.A. precisa fazer um esforço enorme para que uma criança se assuste e gere energia.
Waternoose conta com funcionários dedicados do calibre de James Sullivan e Mike Wazowski para manter o nível da produção. Porém, Waternoose tem problemas para contratar novos funcionários. Ele precisa contratar monstros que tenham a “personalidade” de Sullivan. No entanto, não é possível fabricar Sullivans. Assim, Sullivan vai se tornando o pilar e o grande sustentáculo de sua empresa.
Sem matéria-prima e uma equipe, a falência é questão de tempo.
Sobrevivendo a qualquer custo: a perda dos valores
Todos sentem a necessidade de reverter a situação. Mas a sobrevivência a todo custo e sem a devida transformação, geralmente, conduz à perda dos valores. É isso o que se vê na ação do personagem Randall Boogs, que escolhe a ilegalidade para auferir lucros.
Randall sequestra uma criança (um crime) a fim de sugar os gritos dela à força, aumentando, assim, o faturamento da empresa.
O crime é logo descoberto. Acidentalmente, James Sullivan percebe o que está acontecendo e resgata a criança.
Mas, se estava claro que essa não era a solução adequada, também estava claro que eles haviam voltado à estaca zero.
Descobrindo o que ninguém quer ver: a causa da crise
Com as mudanças na sociedade dos humanos, o modelo de negócios da Monstros S.A. ficou insustentável e, consequentemente, fadado ao fracasso.
Todos os esforços individuais da equipe para bater as metas estavam apenas adiando a falência da empresa, mas de modo algum resolveriam o problema raiz.
O problema é que o CEO Waternoose insistia em impor o seu modelo de negócio. Como as crianças já não se assustavam com os monstros, ele culpava as mudanças na sociedade.
Mas, ao contrário do que o CEO Waternoose afirmava, não eram as mudanças sociais que estavam levando a empresa à falência, e sim a resistência da empresa em mudar seu modelo de negócios. A culpa não era das crianças (que não se assustavam mais), mas sim da empresa que insistia em não aceitar a mudança.
Quem percebe isso são os funcionários James Sullivan e Mike Wazowski. Eles que identificam que a solução não era assustar as crianças a todo custo, e sim mudar o modelo de negócio.
A descoberta da causa raiz os leva à busca de uma solução definitiva para o problema.
Rumo a um modelo de negócio sustentável: a solução
James Sullivan e Mike Wazowski sabiam que os monstros não causavam mais gritos suficientes para manter a empresa. Mas eles também sabiam que alguns monstros estavam provocando risos nas crianças.
E se o que era a desvantagem (os monstros não tinham mais o know-how de assustar) fosse a vantagem (eles eram cômicos e produziam risos fáceis)? E se o riso fosse a matéria-prima da Monstros S.A.?
Os dois validaram a sua ideia e viram que era possível obter energia dos sorrisos das crianças. Agora, eles tinham uma solução que não violava as leis, era potencialmente lucrativa e muito menos penosa.
Mas dois simples funcionários poderiam convencer o CEO? Talvez não. Mas isso sequer for preciso, pois ele caiu – ou se derrubou. O CEO Waternoose acabou preso por seus crimes.
Com todas as qualificações para o cargo de CEO, Sullivan assumiu o comando da empresa.
No entanto, para utilizar de sua “oportunidade estratégica” seria preciso fazer uma revolução interna. A oportunidade estava dada, mas a empresa só poderia se aproveitar dela se fizesse uma mudança cultural.
Para isso, Sullivan reformulou a empresa e o próprio critério de “funcionário ideal”. Criou um novo modelo de gestão de pessoas, em que os funcionários trabalhavam felizes (agora eles trabalham para alegrar e não para assustar). Os estagiários, que na gestão anterior não valiam nada, passam a desempenhar papel fundamental no processo organizacional da empresa e de perpetuação da operação.
Em pouco tempo após implementar seu plano, Sullivan conseguiu tirar a empresa da falência e levá-la ao crescimento sustentável.
As lições de Monstros S.A. sobre gestão de negócios e de pessoas
Monstros S.A. demonstra bem como podemos transformar riscos externos em oportunidades, criando vantagens competitivas significativas. Mas também demonstra que, até chegar a esse ponto, a empresa pode cometer muitos erros, inclusive abrindo mão de seus valores.
Na prática, até certo ponto, a empresa precisa esgotar as possibilidades ou ter evidências sólidas de que esgotou um modelo de negócio antes pivotar.
Manter processos de gestão de riscos, inovação e acertar o timing de mudar serão fundamentais para não virar a próxima Blockbuster, Kodak ou Blackberry.
O risco é alto, e nem sempre o final será feliz como no Monstros S.A. Porém, uma coisa é certa: quando o consumidor muda, dificilmente a empresa conseguirá frear esse movimento. Por isso, não se trata de mudar o consumidor, mas de se adaptar a ele e a seu contexto.
E sua empresa? Ainda fabrica gritos?