Produtos e serviços precisam ter padrão. Porém, a realidade força essa expectativa porque processos são variáveis e nem sempre levam aos mesmos resultados, ainda que bem desenhados. Por isso, manter a consistência requer controle. É esse o poder que as cartas de controle proporcionam.
Também chamadas de cartas de Shewhart ou gráfico de controle estatístico de processo, as cartas de controle estão entre as sete ferramentas básicas da qualidade.
Além de ser um gráfico relativamente simples, ele revela muitas informações que, no dia a dia, podem não chamar a atenção.
Neste guia, vamos do básico ao complexo, buscando dar uma visão abrangente sem abrir mão do alto nível de detalhes dessa ferramenta. No entanto, não entraremos nos cálculos por trás da construção das cartas de controles, mas sim na interpretação delas.
O que são cartas de controle
Cartas de controle são um gráfico que monitora como uma métrica de processo se comporta ao longo do tempo, a fim de identificar mudanças em relação a um padrão.
Criada por Shewhart nos anos de 1920, a ferramenta parte da compreensão de que, não importa quão bem um processo seja desenhado, sempre haverá variações que podem piorá-lo (não apenas melhorá-lo).
As cartas de controle são uma forma de acompanhar essas mudanças ao longo do tempo e, consequentemente, de ter o poder de gerenciá-las, identificando padrões ou fazendo previsões sobre a performance.
Elementos das cartas de controle
Temos dois tipos de cartas de controle: o gráfico Xbarra / R e Xbarra / MR. A diferença entre eles está na coleta das amostras. Enquanto o MR toma cada amostra individualmente, o R toma subgrupos racionais.
Os principais elementos do gráfico das cartas de controle são:
- Eixo horizontal: medida temporal, marcando o número da medição, de acordo com a cadência necessária (por minuto, hora, dia, mês etc.)
- Eixo vertical: medida encontrada para o parâmetro (por exemplo: número de erros, tempo de espera, lead time, cycle time, extensão, peso, área, temperatura, pressão etc.)
- Linhas de controle: média e limites superiores e inferiores.
Exemplo de cartas de controle
Interpretação das cartas de controle
A grande chave para interpretar as cartas de controle é saber que elas identificam o comportamento de uma variável ao longo do tempo. Logo, o propósito dessa ferramenta é mandar um sinal quando alguma coisa se modifica.
O objetivo, na maior parte das vezes, é que esse comportamento permaneça o mesmo. Como nem sempre é assim, vejamos algumas respostas que você encontra ao interpretar os possíveis dados que vai encontrar nesse gráfico.
Valor médio e variações
Com certo volume de dados em suas cartas de controle, você obtém a medida média do parâmetro variável que está monitorando e, a partir dela, calcula o limite superior e inferior, ou seja, o maior (UCL) e menor (LCL) valor possível para aquela variável.
Um exemplo vai ajudar a compreender: pense que você iniciou em um trabalho novo e, no primeiro dia, demorou 45 minutos no trajeto de casa até o local. Apenas uma medida é pouco para dizer que esse é o tempo padrão de seu trajeto até o trabalho. Você precisa reunir uma série de medidas para fazer uma média.
Mas quantos pontos você precisa para calcular a média?
Nos gráficos de Excel e Google Sheets o valor é dado automaticamente. Porém, se você quiser ter controle desse número, uma regra bem aceita é calcular uma vez após cinco medições e revisar o valor após 20 medições individuais (no caso de gráficos de subgrupo, portanto, são menos pontos). Você pode recalcular a média após a centésima medição para ter ainda mais precisão. Depois você vai fechar esse número, sem atualizá-lo mais de acordo com cada nova medição.
Para o cálculo dos limites, você precisará de alguns dados: média, desvio padrão e o tamanho das amostras.
Nível de controle do processo: 8 regras das cartas de controle
Em um processo sob controle estatístico, a grande maioria dos pontos estará mais próxima da linha média. Teremos alguns mais próximos dos limites inferior e superior, mas nenhum fora deles.
Mas quando um processo começa a sair de controle? Quantos pontos precisam estar fora dos limites? Vejamos as 8 regras das cartas de controle, de acordo com a aproximação ou distância da linha média:
Causas comuns vs. causas excepcionais de mudanças de padrão
Há duas fontes, em geral, para problemas: comuns e excepcionais.
Voltemos a nosso exemplo. Digamos que, após calcular seu tempo médio de deslocamento da casa para o trabalho, você tenha chegado ao valor de uma hora.
No geral, esse tempo varia 15 minutos para mais (limite superior) ou para menos (limite inferior), ficando entre 45 minutos e uma hora e 15 minutos. Essas são causas comuns de variação, como um pouco mais de trânsito, um café da manhã estendido ou a passagem na padaria.
Imagine que houve um acidente no seu trajeto que tenha interrompido o trânsito. É provável que você demore bem mais para chegar do que a média. Essa é uma variação especial e, portanto, que ficará fora dos limites. Não havia como você prevê-la, justamente porque causas especiais são esporádicas por natureza.
Esse tipo de variação deve, tanto quanto possível, ser mapeado. Seguindo no exemplo: os acidentes no seu percurso são esporádicos, mas ainda assim acontecem com certa frequência. Desse modo, pode ser interessante mitigá-los. Para isso, a prefeitura decidiu colocar lombadas eletrônicas para reduzir a velocidade em certos pontos.
Veja que, ao identificar essas causas, você pode decidir se e quando endereçá-las com mais embasamento.
Impactos de mudanças
Outra análise que você pode fazer interpretando as cartas de controle é a avaliação dos impactos de uma mudança, por meio da comparação com o estado anterior.
Se considerarmos nosso exemplo, imaginemos que você decide fazer outro percurso da casa para o trabalho, a fim de verificar se tem algum ganho de tempo. Da mesma maneira, você colocará seus dados no control chart. Com base na comparação com os dados do trajeto anterior, poderia concluir se a mudança foi positiva ou não.
Quando fazer cartas de controle
Muitos processos e parâmetros podem ser controlados com as cartas de controle. Desde que você tenha medições constantes, é possível fazê-las.
Nem sempre será relevante, por exemplo, em processos estáveis demais. Mas até mesmo esse é um ponto que pode ser demonstrado com a construção do gráfico.
Como começar a usar as cartas de controle
As cartas de controle podem ser usadas em vários contextos como parte de uma metodologia de controle e melhoria de processos. Esse objetivo precisa estar claro.
Para construir o primeiro gráfico, você deve decidir se terá medidas individuais ao longo do tempo ou várias medidas agrupadas.
Depois de reunir um volume considerável, poderá calcular a média e os limites, assim como identificar se o processo está em controle estatístico.
Manter o gráfico não será difícil. Se ele estiver fora do controle, você terá o trabalho de identificar as causas e removê-las. Se estiver estável, proativamente, se for o caso, você deverá produzir a mudança a fim de melhorar o processo.
Construindo cartas de controle em um software
No software Qualyteam Indicadores, você pode construir suas cartas de controle para qualquer indicador que desejar.
Outras grandes vantagens da solução, que a distingue das planilhas:
- Programação de coletas para os responsáveis, que serão notificados pelo sistema
- Programação de análises de resultados para os responsáveis, que também receberão avisos do sistema
- Dashboards personalizáveis e com gráficos comparativos
- Abertura de registro de não conformidade no caso de inidicadores fora do esperado.
Cartas de controle: seus parâmetros sob controle
As cartas de controle têm um propósito claro: indicar se e em que medida há um desvio em relação a uma média fixa. No dia a dia, isso ajuda a visualizar causas comuns e extraordinárias de problemas e a avaliar o impacto de mudanças.
Em que medida você usa essa grande ferramenta da qualidade em seu SGQ?