O elo entre o progresso social e o econômico Valor compartilhado não é responsabilidade social, filantropia ou mesmo sustentabilidade, mas uma nova forma de obter sucesso econômico. É o que afirma Michael E. Porter um dos mais conceituados especialistas em estratégia do mundo, diretor do Institute for Strategy and Competitiveness, da Harvard Business School. O conceito de valor compartilhado pode ser definido como políticas e práticas operacionais que aumentam a competitividade de uma empresa, ao mesmo tempo em que melhoram as condições sócio-econômicas nas comunidades em que a empresa atua. O foco da geração de valor compartilhado é identificar e ampliar o elo entre o progresso social e o econômico, segundo Porter. O valor compartilhado talvez seja a próxima onda do crescimento mundial movida pela transformação no pensamento administrativo. Em economias avançadas, a demanda de produtos e serviços que atendem às necessidades da sociedade vem rapidamente crescendo.
olhar a cadeia de valor da empresaA empresa obtém vantagem competitiva pelo modo como configura sua cadeia de valor, ou a série de atividades envolvidas na criação, produção, venda, entrega e suporte de seus produtos e serviços. O primeiro passo para gerar valor compartilhado, é olhar a cadeia de valor da empresa e descobrir quais questões sociais e ambientais sofrem o maior impacto de suas atividades. É preciso descobrir onde os impactos das atividades da empresa são substanciais e quais os ambientes externos que a afetam. “A partir daí, identificamos as poucas áreas em que podemos fazer uma grande diferença. É nesse ponto que a RSE (Responsabilidade Social Empresarial) começa a ser eficiente”, acredita Porter. Atenuar os impactos negativos, sejam sociais ou ambientais, é o grande desafio, e algo que deve ser feito tendo como base as melhores práticas de quem atua nesse mercado.
Atenuar os impactos negativos, sejam sociais ou ambientaisO grande salto acontece nas áreas em que a empresa pode fazer uma grande diferença. Empresas como a Google, IBM, Intel, Johnson & Johnson, Unilever, Nestlé e Walmart começam a empreender iniciativas importantes de valor compartilhado. Em Moga, na Índia, a Nestlé implantou centrais de compra de leite nas cidades e investiu no que Porter classifica de “aperfeiçoamento do contexto competitivo”. Ofereceu assistência técnica aos fazendeiros, enviando equipes de veterinários, nutricionistas e agrônomos. Promoveu cursos de treinamento a esses fazendeiros e melhorou o fornecimento de água aos animais, por meio de ajuda técnica e financeira para a perfuração de poços. Hoje, a Nestlé compra leite de mais de 75.000 fazendeiros daquela região, que, segundo Michael Porter, apresenta melhores condições sociais e um padrão de vida superior a regiões semelhantes da Índia. “Esse trabalho da Nestlé causou um impacto fenomenal nas famílias, nos aspectos ambientais e diminui as doenças causadas pela água poluída. É um impacto social de grandes proporções, e eles não fizeram isso com um programa de caridade”, avalia Porter. “Isso é responsabilidade social estratégica, é valor compartilhado. _________________________________________ Referências: Harvard Business Review – “Como consertar o capitalismo” – Ed.Janeiro, 2011 Veja também: Agenda Sustentável na prática http://www.agendasustentavel.com.br/Case.aspx?id=2487 Fórum Mundial de Estratégia em 2008 http://www.hsm.com.br/artigos/estrategia-e-responsabilidade-social]]>