Sou passageiro frequente da Azul Linhas Aéreas. Em função de minha adesão ao Programa de Fidelidade deles e de minha pontuação, sou tratado por “cliente diamante”. A reflexão de hoje é feita a partir da seguinte pergunta: “Será que a adesão a um programa de fidelidade aumenta a satisfação do cliente com relação aos serviços prestados?
Em função de uma urgência precisei retornar para casa antes do esperado. Comprei a passagem para às 22h35 de determinado dia, mas consegui chegar no aeroporto com antecedência e tentei antecipar o voo. Fui ao balcão da empresa, deixei meu nome em uma lista de espera (meu nome era o primeiro da lista) para o voo das 18h35, sendo informado que o voo estava lotado e que não teria como embarcar antes do previsto. Me desloquei até o portão de embarque e aguardei todos embarcarem. Ao final, as funcionárias ainda anunciavam três nomes faltantes.
No portão aguardavam, além de mim, dois passageiros e uma aeromoça da Azul. Perguntei se haveria chance de embarcar caso as três pessoas faltantes não se apresentassem. Ela falou que o voo estava lotado e que não havia nenhum lugar disponível a bordo. Continuei aguardando e ao final do embarque, para minha surpresa, a aeromoça da Azul e as outras duas pessoas que estavam aguardando foram convidadas a embarcar. Perguntei para a atendente porquê aquelas pessoas estavam embarcando já que não eram as mesmas que haviam sido anunciadas e que “não havia” mais lugares a bordo. Ela falou que eram funcionários da empresa e que tinham prioridade em relação aos clientes.
Exposto o cenário, gostaria de iniciar dizendo que não questiono se a empresa valoriza mais os seus colaboradores do que os clientes. Já vi isto em outras organizações e, particularmente, não acho errado. O que vejo nesse caso é a dicotomia entre a prática adotada pela Azul Linhas Aéreas com um “cliente fidelizado” e a resposta que eles esperam obter do mesmo, quando não conseguem resolver seu problema.
Um programa de fidelidade deveria trazer benefícios para quem o usa, resolvendo problemas quando eles acontecem. Programas dessa natureza deveriam ser um diferencial em casos excepcionais e não em ações corriqueiras do dia-a-dia. Ao oferecer embarque prioritário e outras migalhas, como por exemplo, voucher no Espaço Azul, essa empresa aérea preenche o ego de alguns passageiros mas, de fato, não resolve qualquer problema. Lembre que todos acabarão, cedo ou tarde, embarcando no mesmo avião, o que torna esse “bônus” algo irrelevante.
Organizações pouco eficazes em solucionar problemas, não conquistam clientes através de seus programas de fidelidade e, por consequência, não aumentam a satisfação dos mesmos. Pelo contrário, quando os clientes são alvo de casos como o que exemplifiquei anteriormente, a insatisfação surge e, com ela, o sentimento de esse Programa de Fidelidade é uma “grande mentira”.
A satisfação do cliente (e consequente fidelidade) aparece quando ele está exposto a uma dificuldade qualquer e a empresa resolve o seu problema, seja ele um “cliente diamante” ou não.
Pense nisto!