Segundo o dicionário, procrastinar significa deixar para depois e, lamentavelmente, é isso que ainda ocorre com a qualidade no cenário brasileiro. Objetivamente, é correto afirmar que grande parte dos empresários percebem a necessidade de implementar soluções que os mantenham competitivos no dinâmico mundo de negócios. Em que pese o fato de existirem fatores que dificultam ainda mais o sucesso dos empreendimentos como, por exemplo, a elevada carga tributária e a baixa qualificação da mão-de-obra, o que é feito de concreto por esses gestores para minimizar os riscos de seu negócio? Hoje há um considerável abismo entre a percepção e a ação propriamente dita. Mas, por que isso ocorre?
Acredito que os dois principais motivos que levam a maioria dos presidentes e diretores de empresas a procrastinar decisões estratégicas sob sua responsabilidade são a falta de conhecimento sobre o assunto em questão e a falta de planejamento, não necessariamente nessa ordem.
Em um ambiente cada vez mais profissionalizado, a falta de conhecimento pode trazer consequências desagradáveis ao gestor e à própria organização. O que se percebe é a priorização de assuntos que são do domínio do gestor. Em outras palavras, assuntos que se apresentem como “novidade” (normalmente desconhecida) ao profissional que tem o poder de decidir são tratados, na maioria esmagadora dos casos, como não prioritários ou não importantes. A causa dessa procrastinação é compreensível. É mais fácil defender a própria zona de conforto do que se expor às “novas” tendências da gestão. Por que tentar fazer algo diferente e correr riscos desnecessários? Mais seguro é deixar as coisas como estão porque “sempre foi assim”. Aliás esse “conformismo condicionado”, explicado biologicamente pelos experimentos do médico russo Ivan Pavlov junto a animais, decorre da insegurança proporcionada pela falta de conhecimento e os riscos associados.
Outro fator não menos importante para a procrastinação, ou o que chamo “letargia ou aversão à tomada de decisão”, se relaciona ao modo como a alta gestão das empresas (leia-se presidentes e diretores) recebe e processa a miríade de informações que lhe são direcionadas em um curto espaço de tempo. Em outras palavras, planejamento.
O massacre incessante de mensagens eletrônicas e informações que precisam ser recebidas, selecionadas e processadas em prazos cada vez mais exíguos, torna o gestor angustiado e pouco eficaz. A falta de tempo para tomar decisões e as delegar à seus subordinados (lembre-se de que gestores não são executores) é real e, por meio de um processo de “otimização profissional”, somente assuntos de seu domínio são tratados prioritariamente, deixando para depois demandas desconhecidas e/ou “menos importantes”. Assim, por associação ao que já vimos anteriormente, aquilo que entendemos hoje como falta de tempo é, na realidade, falta de planejamento.
Ao considerarmos que a falta planejamento leva o gestor a não ter mais tempo para conhecer alternativas apresentadas pelos diferentes modelos de gestão compreendemos porquê a qualidade, percebida como importante, ainda é um paradigma para a alta direção das organizações, sendo pouco valorizada e implementada.
Nesse sentido é possível afirmar que os gestores ainda não estão maduros para administrar uma empresa adequadamente; não como vemos em países com forte cultura capitalista. Primeiro, porque não sabem planejar e, por fim, porque não tem mais tempo para aprender.
Pense nisto!
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