Falconi acredita que as empresas, tanto de serviços como de indústria, precisam de um ambiente de estabilidade e previsibilidade. “Primeira coisa: não dá você trabalhar em um ambiente de instabilidade, não se sabe o dia de amanhã.
Tem ano que a economia é de recessão, tem ano que cresce muito. Isso é muito ruim para todos. O que eu noto em todos os empresários é que eles sentem um ambiente de muita insegurança, e ninguém consegue planejar.
Não se pede um crescimento chinês, mas um crescimento pequeno, mas constante. O fato é que a previsibilidade de uma continuidade cria uma série de atrativos para atrair novas empresas e novos capitais. O investidor gosta de crescimento”, explica.
“Nós temos toda a competência para tornar o país competitivo. Não precisamos mais importar conhecimento.”
Segundo ele, a qualidade precisa estar associada aos processos de gestão e à abertura de mercado. “Quem não tem uma gestão boa nunca vai ter uma qualidade boa. Ainda nesse ponto de vista, é muito importante uma abertura da economia.
O Brasil ainda está muito viciado com reserva de mercado, ou seja, quem defende a reserva de mercado não está preocupado com qualidade ou gestão, pois é o único fornecedor. Não existe um desafio para fazer as melhorias contínuas. Eu me lembro de 1990 quando o Collor abriu a economia e houve uma correria para a busca dos programas de qualidade”.
Segundo ele, o país precisa se inserir no mercado mundial, na busca pela excelência. “Nós temos toda a competência para tornar o país competitivo. Não precisamos mais importar conhecimento. O que falta é o governo acabar com as reservas de mercado e melhorar as condições internas econômicas. Nos meus contatos com os empresários, noto que eles não estão muito preocupados com a qualidade do produto e sim com os resultados financeiros. É muito raro um cliente chamar a gente e falar que está buscando qualidade de produto e serviço”.
Falconi acrescenta que o nível gerencial dos brasileiros é muito bom, já que os gerentes são muito competentes, pois as empresas nacionais, mesmo com todos os problemas, estão indo bem. “Há muita literatura de bom conteúdo, as empresas estão indo lá para fora e comprando novas para aumentar o seu poder econômico e concorrer no mercado mundial, se internacionalizando.
Temos muita competência instalada, nossos engenheiros e técnicos são muito criativos e inovadores. O problema está na gestão pública que precisa ser apartidária e melhorar as condições internas, oferecendo segurança aos empreendedores, abrir o mercado e deixar o dólar flutuante. Essa é a grande solução para melhorar o país”.
Conforme ressalta o consultor, a liderança é o fator mais importante numa organização. Sem esta não acontece nada. Liderar é bater metas consistentemente, com o time fazendo certo. Um bom líder deve conseguir resultados por meio das pessoas, logo o líder deve investir um tempo substancial no desenvolvimento do seu time.
E o que um líder deve fazer?
- Criar um sistema que atribua a todos as metas que sejam críveis e desafiadoras;
- Promover o domínio do método pela equipe com crescimento constante nas técnicas e recursos de análise;
- Promover a aquisição de recurso técnico pela equipe; garantir o estabelecimento e melhoria continua de um sistema de recrutamento e seleção, selecionando pessoas excepcionais e garantir a estes um crescimento mais rápido;
- Participar das várias formas de treinamento de sua equipe exercendo a função de professor em alguns casos, e
- Reconhecer que as pessoas tem a necessidade de aprender continuamente.
Ele complementa dizendo que “os fatores culturais desejados devem ser continuamente discutidos e valorizados. São necessários de cinco a sete anos para que se tenha um bom sistema de recursos humanos. Da mesma maneira, a qualidade total demora cinco anos para ser absorvida por uma organização e de acordo com um consultor japonês são cinco anos porque as pessoas levam cinco anos para mudar”.
A sua visão teórica é cheia de sentido, o plano de mudanças descrito, com definição de prazos, está detalhado e repleto de motivos de começar já a implantação na sua empresa/setor/equipe. Seus conceitos podem ser facilmente aplicados em uma empresa, preparando os gestores em busca de uma visão holística e uma administração focada em resultados e lucratividade.
Por fim, “para o alcance dos objetivos e manutenção do foco correto, há a necessidade da análise dos resultados, disciplina e a paixão dos empregados no método para estabelecer as metas”.
Leia o artigo na íntegra no Blog Qualidade Online: Vicente Falconi: o PDCA focado em resultados
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[…] à Universidade Federal de Minas Gerais. Na época, por influência de seus trabalhos na Toyota,Falconi trouxe para o Brasil o conceito da Qualidade Total. Esta contribuição virou sinônimo de […]
Bastante lúcido e atual o artigo, e enquanto eu lia aguardava o desfecho tal qual foi explicitado quando o Falconi no final abordou uma questão essencial no processo de Gestão da Qualidade: as pessoas.
O Ser humano e suas subjetividades. Por mais que criemos processos, modelos, padrões, procedimentos, manuais enfim…, a mente humana e suas peculiaridades, a Qualidade de Presença, a Qualidade das atitudes, a Qualidade dos padrões mentais dos sujetos têm que ser consideradas, para garantir a Qualidade dos serviços, dos processos e dos produtos.
Um exemplo interessante para reflexão: Será que Companhia de aviação Lufthansa, levou em consideração o aspecto Qualidade dos Padrões mentais do co-piloto que cometeu o homicídio coletivo na semana passada?
Entretanto, com certeza aquela empresa tem certificação ISO 9001 e outras, com todos seu Sistema de Qualidade, rodando e fluindo..
O que os Sr. Vicente Falconi diz, reflete totalmente a realidade de nosso país e a forma como os empresários, em função do modelo econômico, conduzem suas empresas hoje.
Costumo dizer aos meus alunos que qualquer empresa pode adotar a ISO 9001! A sua casa pode adotar a ISO 9001! Sem necessariamente passar por um processo de certificação. Basta compreender os conceitos, normas e regras da ISO e adota-los. Mas, adota-los é que é o “X” da questão! Eu me pergunto. Qual empresa no Brasil, gozando plenamente de suas capacidades mentais, organizacionais e principalmente financeiras, paga seus impostos em dia e NÃO POSSUI CAIXA 2?
Mas o que tem a ver, planejamento financeiro com Gestão da Qualidade?
Bom, os impostos consomem uma boa fatia do faturamento da empresa. E além de pagar tributos sobre, matéria prima, bens, mão de obra, serviços etc.. para produzir e vender. Ainda temos que pagar tributos sobre tudo o que faturarmos, ou seja, você não sai ileso do início ao final do processo de produção ou prestação de serviço, sobrando uma pequena margem de lucratividade. Ah, e do lucro ainda tem o imposto sobre o lucro!
Bom voltando…
Vicente Falconi, nos fala que: “… não dá você trabalhar em um ambiente de instabilidade, não se sabe o dia de amanhã…”. Mais abaixo, o autor do artigo diz que a maioria dos empresários hoje, dão prioridade aos resultados financeiro! Ou seja, criar necessidades, trabalhar com elas sem gerar estoques, e fazer volume nas vendas. Se um parafuso ficar frouxo e alguém reclamar, pode fazer recall, os lotes de produção são menores mesmo!
Nosso amigo Everaldo Marcelo foi muito feliz em sua analogia. Ao contextualizar o caso da empresa de aviação alemã, Germanwings.
Pense bem… Se a empresa afastasse este piloto que apresentou “defeito” desde 2013, ela teria que continuar pagando salário e impostos sobre um funcionário afastado que não traz lucro para a empresa. Demitir, não seria uma boa saída, pois teria que pagar multa rescisória, por demissão sem justa causa, já que “aparentemente’ ele não trouxe problemas à empresa. E seguir os conceitos de normas e teorias de gestão, seria um tiro no pé, pois, teriam que adotar ações corretivas ou preventivas, mudança de sistemáticas e criação de dispositivos para evitar falhas.
Como se explica o fato um funcionário ter passado por exames médicos, e os mesmos exames apontarem à um provável risco à saúde de um funcionário e riscos à outras pessoas e ninguém, nem o médico nem as regras e procedimentos de RH, fazem nada para impedir o funcionários de continuar a executar suas atividades? Isto chama-se “vistas grossas”.
Ou seja, nossas empresas estão fazendo vistas grossas para a Gestão, seja da segurança, da qualidade, pessoal, etc… A prioridade é saber o quanto vai sobrar no bolso do presidente e acionistas da empresa.
Talvez também a burocracia e frieza de uma ficha de avaliação não consiga detectar a vontade do co-piloto. Vale salientar que até então ele não era um psicopata, assassino em série, e provavelmente não tinha nenhum defeito cerebral.
Pode ter faltado algo que não pode ser escrito em procedimentos: um olho no olho. Uma percepção de que algo não estava bem com o cara. Que atenção nós damos, ou quanto nos envolvemos com problemas até então pessoais de nossos colegas de trabalho? Nesse quesito, acredito que os brasileiros saem na frente.
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