Estou ficando velho. Velho e inconformado. E talvez minha postura seja reflexo do que vejo no mundo dos negócios e que, a cada dia, me desagrada mais.
Entendo perfeitamente (e até respeito) aqueles que não nasceram para liderar. Aliás, escreveríamos rios de tinta se ousássemos afirmar categoricamente ou simplesmente postular sobre a liderança. Ela “nasce” com a pessoa ou pode ser desenvolvida ao longo de sua formação? Como o intuito desse rápido texto é externar meu ponto de vista sobre a influência dos livros de negócios na formação de gestores e líderes, deixaremos aquele assunto para outra ocasião.
Atentem para a foto que tirei em uma livraria. Observem os títulos. Notem como é fácil vender o sucesso. Ao ver esse tipo de literatura (que não leio), me pergunto: “Será que a maioria dos autores alcançaram o sucesso que tanto apregoam?” “Será que alguém, ao seguir as regras de ouro desses “gurus”, alcançará a riqueza material prometida?” Tenho minhas dúvidas e, embora possa em alguns casos estar realmente errado, acredito que esses conteúdos pouco ajudam na formação e gestão dos profissionais.
Aliás, acredito que esses autores trazem mais angústias e incertezas na tomada de decisão de seus leitores.
Trabalho desde 1995, ano em que me formei em engenharia. Desde então, tive a oportunidade de trabalhar em empresas com diferentes tipos de profissionais e metodologias de trabalho. Sorte ou não, nunca fui estimulado por estes homens de negócio (alguns incompetentes) a ler esse tipo de “literatura de resultados”. Sempre fui exposto aos desafios e isto moldou meu perfil profissional. Sempre tive que fazer. Sempre tive que decidir, acertando ou errando. Sempre tive que “dar resultado”.
As modernas teorias organizacionais (em sua maioria acadêmicas) começam a questionar o gerenciamento baseado em resultados. Recentemente assisti em uma apresentação do TED, um famoso gestor brasileiro explicando o modelo de gestão que aplica em sua empresa. De maneira simplista, a sistemática se baseia no princípio de que cada um deve primeiro fazer aquilo que gosta e, somente depois trabalhar. Quase chorei de rir. E o pior? A plateia o aplaudiu de pé.
Se você pensa como esse gestor, discordamos de como um líder deve se portar. Na minha modesta opinião, um líder deve ser exemplo. Deve saber fazer para poder ensinar. Deve atentar primeiro para o que deve ser feito e, depois, para o gosta de fazer. Um líder deve basear suas ações em informações. Deve agir com base nos resultados e naquilo que adquiriu através dos acertos e erros durante sua carreira: a experiência. Aliás, experiência vivida na prática (pessoal e intrasferível) e não na experiência dos outros e que os “livros de ouro dos negócios” propõe a você.
Não deixe que alguém que você não conhece e que não vive as dificuldades de seu ambiente de trabalho, diga como você deve agir. Não deixe que a teoria desses gurus influencie seu modus operandi. Seja racional, analise as informações, faça as escolhas e tome uma decisão. Você vai acertar e também errar mas, mais do que tudo, você vai ser você mesmo, sendo líder ou não.
Sucesso!