Por Ivan Gonçalves.
Se você trabalha com gestão da qualidade, seja como representante da direção (RD) de uma organização, auditor ou mesmo como consultor, vai se identificar com o que vou escrever. Sua percepção vai ser a mesma que a minha, se você trata esse assunto com seriedade que ele merece.
Vemos nos dias de hoje um aumento expressivo no número de empresas que desejam implementar o sistema de gestão da qualidade. Já sabemos também o que as motiva (necessidade de se organizarem) e o que buscam (aumento da lucratividade, seja por redução do desperdício ou aumento da eficiência dos processos). Em síntese, todas desejam melhorar seus resultados tendo como pano de fundo uma metodologia eficiente e, como resultado final, a percepção de seus clientes e partes interessadas de que a empresa tem excelência, etc, etc, etc… Em síntese todas desejam, mas nem todas conseguem. Por que isto acontece?
Não lembro o nome do “filósofo organizacional” que citou haverem dois caminhos para o sucesso nos negócios: “o difícil caminho fácil” e o “fácil caminho difícil”. Sem ser prolixo vou direto ao ponto. Há mais de 15 anos trabalho com gestão da qualidade. No inicio como auditor interno e hoje, como auditor externo e consultor. Desde 1998 acompanho as empresas que implementam sistemas de gestão da qualidade com eficácia e outras que “caem na conversa” de empresas de prestação de serviço que prometem milagres imediatos. Anúncios e ofertas especiais que oferecem a implantação do sistema de gestão da qualidade em períodos de 6 meses, 3 meses e até de 45 dias, pasmem! E o pior é que algumas empresas, para a completa frustração daqueles que levam a ISO 9001 a sério, aderem a esse tipo de prostituição técnica!!!
Se você acredita que um sistema de gestão da qualidade pode ser implementado em um curto prazo, se você acredita que a exigência do consumidor seja por certificados de qualidade e não por rapidez na resolução de problemas e, principalmente, se você trata a ISO 9001 como um produto, então leia esse texto até o fim!
Para essas empresas o sistema de gestão da qualidade não vai funcionar! Sua empresa vai gastar dinheiro à toa! Você vai “certificar sua empresa” e, na segunda auditoria externa constatará que tudo foi construído para auditor ver (e o auditor externo percebe isto). Ninguém vai se preocupar com a manutenção dessa metodologia de gestão e você vai ficar com toda a ISO na sua mão! Por que? Porque não foi implementada a cultura da gestão da qualidade. Porque as pessoas não foram estimuladas a pensar em melhoria contínua, mas a preencher registros e elaborar procedimentos que não são executados na prática.
Defendo veementemente a ideia de que precisamos promover a verdadeira gestão da qualidade. A ISO e os organismos de certificação que tratam desse assunto com seriedade já iniciaram ações para coibir e impedir a emissão de certificados ISO 9001 à empresas que não respeitam a gestão da qualidade como uma cultura de melhoria contínua. Precisamos disseminar as boas práticas. Chega de acreditar em empresas de consultoria e treinamento on line que implantam a ISO 9001 e certificam dezenas de empresas em prazos exíguos, como se fosse produção em escala. Onde está a qualidade dessas empresas? Onde está a qualidade das empresas certificadas por essas empresas? Chega de jogar dinheiro fora com empresas que prometem resultados maravilhosos em pouco tempo. Minha sugestão? Antes de acreditar em milagres, busque informação com gestores de empresas que tem o sistema de gestão da qualidade já consolidado e pergunte sobre o processo de implantação. Quais os prazos, demandas, competências, etc. Agindo assim você estará evitando os dissabores do insucesso da ISO 9001 em sua organização. Agindo assim, você construirá um sistema de gestão robusto que lhe trará frutos. Agindo assim, você trilhará o “difícil caminho fácil”, e também dirá não à gestão da qualidade sem qualidade.
Sucesso!
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