(por Kelly Sganderla, do Blog da iProcess)
Acontece todo o ano. A época da Páscoa se aproxima e a esta altura do calendário, quem acompanha as redes sociais já deve ter recebido no seu feed de notícias as tradicionais postagens de amigos reclamando como é caro o ovo de páscoa, que a barra sai bem mais em conta, fazendo convites ao boicote do tipo “em vez de 250g de chocolate em um ovo, compre 1kg em barras que sai mais barato!”

Variação dos preços do ovo de páscoa de acordo com pesquisa realizada pelo jornal O Globo.
Para um consumidor comum, pode parecer ultrajante mesmo que um ovo, cujo peso em chocolate às vezes é o equivalente a uma barra de chocolate do mesmo tipo, possa custar 100%, 200%, até 500% a mais.
Mas para o Analista de Processos, não há tanto mistério nisso.
Apresentando o Analista de Processos: essa pessoa como eu, que tem uma fome de conhecimento, que quer (que sente que precisa!) entender o por quê das coisas, que sabe que conhecer como as coisas acontecem é fundamental para se pensar em qualquer mudança para melhor.
O Analista de Processos entende que há muito mais do que o peso do chocolate em um Ovo de Páscoa. Antes de tomar partido em uma questão como essa, o Analista de Processos percebe que por trás do ovo existe um processo inteiramente diferente, e vai tentar entender a diferença olhando para o processo de ponta a ponta, do início até o momento em que o ovo chega às mãos de quem consome.
Variação dos preços do ovo de páscoa de acordo com pesquisa realizada pelo jornal O Globo.
Para um consumidor comum, pode parecer ultrajante mesmo que um ovo, cujo peso em chocolate às vezes é o equivalente a uma barra de chocolate do mesmo tipo, possa custar 100%, 200%, até 500% a mais.
Mas para o Analista de Processos, não há tanto mistério nisso.
Apresentando o Analista de Processos: essa pessoa como eu, que tem uma fome de conhecimento, que quer (que sente que precisa!) entender o por quê das coisas, que sabe que conhecer como as coisas acontecem é fundamental para se pensar em qualquer mudança para melhor.
O Analista de Processos entende que há muito mais do que o peso do chocolate em um Ovo de Páscoa. Antes de tomar partido em uma questão como essa, o Analista de Processos percebe que por trás do ovo existe um processo inteiramente diferente, e vai tentar entender a diferença olhando para o processo de ponta a ponta, do início até o momento em que o ovo chega às mãos de quem consome.
Inovação
Todo ano tem uma novidade, não é mesmo? Apesar do ovo ter uma forma tradicional há tanto tempo, a cada ano eles inventam algo diferente: é o ovo com camadas de caramelo e crocante, o ovo com marshmellow, o ovo com recheio de sorvete, com pedacinhos de cookies, com brinquedos-surpresa cada vez mais sofisticados.
No princípio, antes mesmo das máquinas começarem a misturar o cacau e os ingredientes para o chocolate dos ovos, pessoas estão realizando pesquisas de mercado e avaliando como podem inovar o produto no formato, no conteúdo e na embalagem.
Produção
As máquinas usadas para fazer os Ovos de Páscoa são diferentes do chocolate normal. E devido à sazonalidade (os ovos são produzidos apenas em uma época específica do ano), essas máquinas ficam paradas por um significativo período de tempo, gerando custo não apenas durante o seu uso, mas também na sua parada. Enquanto estão paradas, elas ocupam espaço, precisam de manutenção e limpeza mesmo quando não são utilizadas, e tudo isso tem um custo que precisa ser agregado ao produto. Há que considerar também que dependendo do tamanho da fábrica, a industrialização pode ser maior ou menor.
A produção dos ovos também é especializada. As pessoas que trabalham na fabricação dos ovos precisam ser capacitadas, gerando custo de treinamento. Por terem um conhecimento especial, essas pessoas tendem a representar um custo maior para a empresa do que um funcionário padrão.
Além disso, a produção do ovo é mais complexa. Ela passa por mais etapas. Enquanto a barra de chocolate só requer chocolate derretido em uma forma, resfriamento e embalamento – a maior parte deste trabalho automatizado -, os Ovos de Páscoa requerem que o chocolate seja pincelado em camadas sobre a forma, então resfriado e desenformado, corretamente montado com o tradicional “recheio surpresa”, ter o encaixe do pé e o embalamento especial. São muitas etapas envolvendo mais mão de obra humana do que o chocolate comum e, é claro, que requer muito mais cuidados.
Logística de distribuição e armazenamento
E então temos a logística, que também é diferenciada. Ovos de Páscoa ocupam mais espaço e são mais frágeis que caixas com barras de chocolate, o que implica em mais caminhões para transportarem carga equivalente, além do cuidado extra no transporte para não quebrarem.
O mesmo se aplica à armazenagem requerida pelos ovos, já que ocupam mais espaço (relativo à quantidade de chocolate) e são mais delicados no manuseio. Como a produção de ovos incia bastante antecipada (para que na Páscoa ninguém fique sem o seu!), há uma necessidade de armazenagem longa e espaçosa.
Disponibilização
Há então o custo de ter uma exposição especial no mercado, aquele lugar de destaque, as estruturas em forma de parreira com os ovos e suas embalagens brilhosas e coloridas, todos pendurados na altura dos olhos só para deixar a gente com mais vontade de comprá-los.
E enfim, o custo também do desperdício causado por ovos quebrados. Um consumidor poderia considerar aceitável comprar uma barra de chocolate quebrada (desde que perfeitamente acondicionada e lacrada dentro da embalagem), mas dificilmente aceitaria comprar um ovo quebrado ou amassado. Ovos de Páscoa são para presente, e presentes queremos sempre que estejam em perfeitas condições como forma de demonstrar nosso carinho e atenção a quem recebe, não é assim?
Ovo quebrado é ovo não vendido, e ovo não vendido é custo para toda a cadeia de produção e distribuição, porque pagou-se por ele, mas ele não se pagou.
Então além da matéria-prima (cujo preço pode variar também devido à grande demanda na época), e é claro de algum lucro das empresas envolvidas, todo esse processo de inovar, fabricar, distribuir, armazenar e disponibilizar de forma diferenciada geram um custo agregado quase invisível ao consumidor, mas que só acontece por um motivo: na Páscoa não presenteamos as pessoas que amamos com simples chocolate – mas com ovo que simboliza uma tradição em brindar a família e os amigos com um símbolo cujo significado é muito maior do que o produto (e daí vai de acordo com a fé de cada um).
Analisar processos é fundamentalmente isto: compreender do inicio ao fim todas as atividades envolvidas na produção de um produto ou serviço, para entender suas complexidades, custo, tempo e recursos envolvidos. E a partir daí, identificar situações que possam ser melhoradas.
Um viva aos Analistas de Processos e mais um mistério desvendado!
Feliz Páscoa!
_________________________
Fonte: – Blog Iprocess
1 Comentário. Deixe novo
Parabéns pela matéria. Ovo de Páscoa não é apenas chocolate. Como brilhantemente mostrado, existem outros fatores envolvidos, e aproveito para citar mais um: emoção, este, imensurável.
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.