Sua empresa pode corrigir problemas com um fluxo bem estruturado, mas já considerou os benefícios de evitá-los antes mesmo que aconteçam? Implementar o poka-yoke pode ser a solução ideal para prevenir falhas e garantir a qualidade dos produtos.
Afinal, os verdadeiros ganhos operacionais surgem da capacidade de impedir não conformidades antes que elas ocorram.
Para isso, o poka-yoke se destaca como uma metodologia eficiente para evitar erros e manter a excelência nos processos.
Entre 1950 e 1960, Shigeo Shingo criou essa abordagem dentro do sistema Toyota de produção, revolucionando a forma como as empresas lidam com a qualidade.
Talvez você já tenha percebido essa necessidade na sua organização. Embora treinamentos e procedimentos bem executados ajudem, eles não garantem a eliminação de erros.
Além disso, a inspeção e o controle estatístico do processo identificam falhas, mas não reduzem a taxa de erro no futuro. Isso acontece porque, normalmente, as inspeções de qualidade ocorrem no final do processo.
Shingo percebeu que eliminar defeitos exigia algo mais. Por isso, propôs a inspeção na fonte, tornando o processo produtivo menos propenso a erros. Assim surgiu o termo “poka-yoke”, que significa precisamente “prevenção de erros”.
Shingo documentou todo esse desenvolvimento no livro Zero Quality Control: Source Inspection and the Poka-Yoke System.
Neste artigo, você encontrará uma introdução de alto nível para dar os primeiros passos com essa poderosa ferramenta lean.
Sumário
O que é poka-yoke?
O poka-yoke é uma ferramenta que previne erros humanos em processos produtivos.
Para isso, ele insere mecanismos e dispositivos de inspeção nas entradas de um procedimento, evitando que desvios se espalhem ao longo da produção.
Para compreender o poka-yoke, considere três pilares essenciais:
- Inspeção na fonte: verifica fatores que causam erros, não apenas defeitos no resultado final.
- 100% de inspeção: garante que tudo passe por verificação.
- Ação imediata: ao identificar um erro, o sistema interrompe a operação antes que o problema se propague.
Poka-yoke no Zero Quality Control
O poka-yoke integra o método Zero Quality Control (ZQC), de Shigeo Shingo, que se baseia em três princípios fundamentais:
- Não fabricar sem necessidade: produzir em excesso gera estoques sujeitos a danos.
- Fabricar detectando defeitos: inclui padronização, automação e poka-yoke.
- Fabricar para uso imediato: mantém um fluxo contínuo e reduz estoques intermediários ao mínimo.
Na perfeição, esses três princípios eliminam a necessidade de inspeções de controle da qualidade, como o próprio nome da metodologia sugere.
Tipos
Os três tipos principais de poka-yoke são:
- Contato: dispositivos que tocam a peça para posicioná-la corretamente, detectar desníveis ou garantir o tamanho exato.
- Contagem: verifica o número correto de repetições ou movimentos, além da quantidade de peças prontas.
- Sequência: identifica falhas ou atrasos em uma sequência específica de movimentos.
Exemplos
Muitas empresas utilizam dispositivos poka-yoke para detectar erros e evitar defeitos. Alguns exemplos incluem:
- Pontos de referência: gabaritos de contato que auxiliam na execução de tarefas.
- Detectores: sensores que identificam anomalias na contagem ou desvios na sequência correta.
- Linhas limitadoras: guias que garantem o posicionamento correto de produtos na linha de produção.
- Contadores digitais: monitoram o número exato de tarefas executadas.
- Checklists sequenciais: listam todas as etapas necessárias para completar uma tarefa.
- Acionamentos: travas, botões e alavancas que precisam ser ativados para iniciar uma atividade.
Além disso, esses mecanismos podem ser complementados por alertas visuais e sonoros. Em alguns casos, sistemas de travamento entram em ação ao detectar desvios.
Exemplo real de poka-yoke: elevadores
Os elevadores são um ótimo exemplo de como o poka-yoke pode ser aplicado para garantir segurança e eficiência. Eles possuem:
- Sensores nas portas que impedem o fechamento quando um objeto ou pessoa bloqueia a passagem.
- Conjuntos de sensores que controlam a posição do elevador, garantindo que ele pare no local correto.
- Ajustes automáticos na aceleração e desaceleração conforme o peso transportado.
Quando aplicar o poka-yoke?
O poka-yoke se aplica principalmente a tarefas repetitivas e atividades que dependem da atenção dos operadores.
Ele reduz a necessidade de identificação manual de erros e previne falhas em diferentes cenários, como:
- Processos que exigem atenção, habilidade ou experiência do operador.
- Interações do cliente que podem comprometer a qualidade do produto.
- Transições entre etapas do processo produtivo.
Como implementar o poka-yoke?
Sua empresa pode aplicar o poka-yoke em projetos de melhoria contínua e programas de gerenciamento de riscos.
Além disso, ele pode ser integrado a metodologias já existentes, como kaizen e FMEA.
Outra opção é inseri-lo no conceito de ZQC (Zero Quality Control), que estrutura toda a cadeia de valor com base na eliminação de defeitos.
Implemente o poka-yoke e evite erros operacionais
Para competir no mercado, sua empresa precisa produzir sem defeitos.
Aceitar falhas, mesmo que em pequena escala, compromete a excelência e reduz a eficiência dos processos.
O poka-yoke se soma a outras práticas que ajudam sua empresa a alcançar esse objetivo.
Cada organização define até onde deseja avançar nessa jornada, mas o mais importante é começar. Você já deu o primeiro passo?
*Atualizado em 25/03/2025, por Circe Precht