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Gestão de Riscos

Como a Gestão da Qualidade pode prevenir acidentes aéreos?

Por: Circe Precht

07 fev 2025 • 7 min de leitura

Os acidentes aéreos, como o ocorrido hoje em São Paulo envolvendo a queda de um King Air F90 pouco após a decolagem, reacendem o debate sobre a segurança na aviação e reforçam a importância da Gestão da Qualidade como ferramenta essencial para prevenir tragédias. 

O incidente, cujas causas ainda serão investigadas, serve como um alerta para a necessidade de processos rigorosos de manutenção, treinamento de equipes e fiscalização tanto na aviação civil quanto comercial.

A preocupação com a segurança na aviação torna-se ainda mais urgente ao analisarmos os dados recentes. 

Em 2024, acidentes aéreos já resultaram em 148 mortes, um aumento alarmante de 92% em relação a 2023. 

Esse é o número mais elevado desde 2014, quando o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Aeronáutica, iniciou a série histórica de registros. 

Esse cenário evidencia a necessidade de uma revisão profunda dos protocolos de segurança, investimentos em tecnologia e capacitação contínua dos profissionais envolvidos.

Além disso, é fundamental que as investigações dos acidentes sejam conduzidas com transparência e agilidade, para que as lições aprendidas possam ser rapidamente incorporadas às práticas do setor. 

A prevenção de tragédias futuras depende não apenas da identificação das falhas técnicas ou humanas, mas também da implementação de uma cultura organizacional que priorize a segurança acima de tudo. 

A aviação é um dos meios de transporte mais seguros do mundo, mas eventos como o de hoje mostram que não há espaço para complacência. 

A busca pela excelência na Gestão da Qualidade e na segurança operacional deve ser constante e inegociável.

A Importância da Gestão da Qualidade na Aviação

A Gestão da Qualidade na aviação envolve um conjunto de práticas e procedimentos que garantem a segurança operacional. 

Ela abrange desde a fabricação e manutenção das aeronaves até o treinamento de pilotos e a implementação de normas de segurança em aeroportos. 

A ausência de um controle eficaz pode resultar em falhas mecânicas, erros humanos e problemas estruturais que contribuem para acidentes.

Mas como a Gestão da Qualidade pode prevenir acidentes aéreos

Manutenção Preventiva Rigorosa

A implementação de protocolos rigorosos de inspeção e manutenção é essencial para reduzir falhas mecânicas, garantir a segurança das operações e prolongar a vida útil das aeronaves.

Inspeções periódicas e testes de desempenho são práticas fundamentais para identificar e corrigir problemas antes que se tornem falhas críticas, evitando assim panes inesperadas que podem colocar vidas em risco.

Um exemplo emblemático que ilustra a importância da manutenção preventiva é o caso do voo United Airlines 232, em 1989. Na ocasião, uma falha catastrófica em um dos motores foi causada por uma rachadura microscópica que não foi detectada durante as inspeções de rotina. Essa falha levou a uma emergência grave, resultando em uma aterrissagem de emergência que, embora heroica, causou fatalidades e feridos. 

O acidente poderia ter sido evitado com a adoção de procedimentos mais rigorosos e tecnologias avançadas de inspeção, capazes de identificar defeitos mínimos, porém críticos

Treinamento e Capacitação

O treinamento constante de pilotos e equipes de solo é essencial para garantir a correta operação das aeronaves.

Simulações de situações emergenciais permitem que os profissionais ajam com precisão em cenários críticos.

Um exemplo positivo de treinamento bem-sucedido é o pouso de emergência do voo US Airways 1549 no rio Hudson, em 2009. Após a colisão com uma revoada de aves, que causou a perda de potência em ambos os motores, o capitão Chesley “Sully” Sullenberger e sua tripulação demonstraram extrema habilidade e serenidade ao executar procedimentos de emergência. 

Graças ao treinamento contínuo e à aplicação precisa dos protocolos de segurança, todos os 155 passageiros e tripulantes sobreviveram ao incidente, em um feito que ficou conhecido como o “Milagre no Hudson”.

Esse caso não apenas reforça a importância do treinamento constante, mas também destaca a necessidade de investimentos em simuladores avançados e programas de capacitação que reproduzam situações extremas. 

A preparação adequada das equipes, aliada à adoção de tecnologias modernas e à revisão constante dos protocolos, é essencial para manter os altos padrões de segurança da aviação e garantir que profissionais estejam sempre prontos para enfrentar desafios imprevistos. 

A segurança, afinal, é construída diariamente, por meio de dedicação, disciplina e aprendizado contínuo.

Gerenciamento de Riscos e Prevenção

A implementação de sistemas robustos de gerenciamento de riscos é um componente essencial para garantir a segurança na aviação. 

Esses sistemas envolvem a identificação precisa de ameaças potenciais, a avaliação criteriosa da probabilidade de ocorrência e o desenvolvimento de estratégias eficazes para mitigar riscos antes que se transformem em incidentes ou acidentes.

Dentre as ferramentas mais importantes nesse processo, destaca-se a Análise de Risco Operacional (ORA), que monitora e avalia continuamente condições operacionais que possam impactar a segurança do voo. 

Por meio da ORA, é possível identificar vulnerabilidades e implementar correções proativas, reduzindo significativamente a probabilidade de falhas ou imprevistos.

Outro pilar fundamental é o Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional (SMS), uma abordagem integrada que coleta, analisa e responde a dados relacionados à segurança operacional. 

O SMS permite uma visão holística dos riscos, facilitando a tomada de decisões embasadas em evidências e a adoção de medidas preventivas. Ao promover uma cultura organizacional focada na segurança, o SMS não apenas previne acidentes, mas também fortalece a confiança dos passageiros e profissionais do setor.

Juntos, a ORA e o SMS representam a base de uma aviação mais segura e confiável, onde a gestão de riscos é tratada de forma sistemática e contínua. 

Esses sistemas demonstram que a segurança não é um objetivo estático, mas um processo dinâmico que exige vigilância constante, inovação tecnológica e compromisso com a excelência operacional.

Normas e Regulamentações Rígidas

A aplicação de normas internacionais de segurança, como as estipuladas pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), garante que empresas aéreas e fabricantes sigam padrões rigorosos de segurança e qualidade.

A norma ISO 9001, amplamente utilizada na indústria aeronáutica, estabelece diretrizes para a implementação de um sistema de gestão da qualidade eficiente, promovendo a melhoria contínua e garantindo que todos os processos estejam alinhados com padrões de segurança rigorosos.

Casos Recorrentes e Lições Aprendidas

Nos últimos anos, diversos acidentes aéreos têm exposto falhas críticas, como deficiências na manutenção, erros humanos e lacunas operacionais. 

O incidente ocorrido hoje em São Paulo reforça a urgência de aprimoramentos contínuos nos processos de segurança e a adoção de uma Gestão da Qualidade robusta e eficaz.

A aviação, reconhecida como um dos meios de transporte mais seguros do mundo, só mantém esse status graças a um compromisso inabalável com a excelência. 

Para preservar e elevar esse padrão, é essencial garantir que aeronaves, tripulações e infraestrutura operem sempre em conformidade com os mais rigorosos protocolos de segurança. 

Investimentos em tecnologia, treinamento constante, fiscalização rigorosa e uma cultura organizacional que priorize a prevenção são pilares fundamentais para minimizar riscos e evitar tragédias.

A segurança na aviação não é um ponto de chegada, mas uma jornada contínua de aprimoramento. Cada incidente deve servir como um alerta e uma oportunidade para reforçar os sistemas que protegem vidas e mantêm a confiança no transporte aéreo.

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Circe Precht

07 fev 2025

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